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Tuesday, October 11, 2005

Reserva Natural da Malcata II

http://lynxpardinus.naturlink.pt/captivebreedingp.html

Malcata vai receber Centro de Reprodução de Linces (Ana Fernandes, 16/04/03)

Reduzido a algumas dezenas de indivíduos, o Lince Ibérico é dos felinos mais ameaçados do planeta. Para tentar evitar a sua extinção em Portugal, o Instituto da Conservação da Natureza (ICN) concluiu uma proposta para um plano de acção, onde prevê medidas como a recuperação do matagal mediterrânico, o incentivo das populações de coelho bravo e a reintrodução de animais reproduzidos em cativeiro. Este documento vai ainda ser alvo de avaliação cientifica e discussão pública.

"Actualmente, o Lince Ibérico encontra-se criticamente ameaçado, num estado de pre-extinção e só a aplicação de medidas consistentes e efectivas poderá travar a sua extinção", explicam os autores da proposta. Por essa razão, é urgente a definição de um plano que tente evitar a condenação definitiva do animal: "No contexto global dos inúmeros factores de ameaça que actualmente condicionam a sobrevivência da espécie, a falta de documentação oficial que regula a sua conservação pode permitir acções directas que afectem o Lince de forma negativa e ao mesmo tempo contribuir para atrasar a tomada de decisões fundamentais"

A grande meta deste plano, que terá uma vigência de cinco anos, é "concretizar acções preparatórias de reintrodução, de forma a contribuir, a longo prazo, para a restauração das populações Portuguesas de Lince Ibérico, assegurando a viabilidade da espécie, enquanto elemento fundamental dos ecossistemas mediterrânicos".

A estratégia para o Lince assenta em duas aproximações diferentes: a conservação "in situ", isto é, no próprio meio natural, e a conservação "ex situ", ou seja, fora do seu habitat. Em relação a esta última, o ICN vai apostar na criação de Linces em cativeiro, que serão posteriormente libertados. Para pôr de pé o projecto, é essencial a colaboração com as entidades Espanholas, que podem fornecer os animais.

Este centro será instalado na Reserva Natural da Serra da Malcata. As condições que aqui existem, "como zona histórica de presença de Lince e como área protegida, com uma vasta zona afastada da presença humana, onde a caça é interdita e com uma equipa de trabalho permanente, tornam este espaço fortemente adequado para a instalação de um centro de recepção/reprodução vocacionado para a criação de animais viáveis para reintrodução", justifica o ICN.

Será ainda incentivada a participação de jardins e parques zoológicos neste esforço de reprodução em cativeiro. Será também criado um Banco de Recursos Biológicos, onde se armazenará germoplasma (material hereditário contido nas células sexuais) para garantir a máxima diversidade genética possível das populações de Lince.

Em relação às medidas de conservação "in situ", o ICN vai apostar na reabilitação do habitat do Lince e da sua principal presa - o coelho bravo. Para o fazer, a ideia é criar micro-unidades de gestão de Lince Ibérico (MGL) preferencialmente nas áreas onde a presença do animal tem raízes históricas e que foram consideradas prioritárias para a aplicação deste plano de acção: Malcata, Idanha-a-Velha, S.Mamede, Serra da Ossa, Contenda-Barrancos, Guadiana e Monchique. Segundo Pedro Sarmento, da equipa que elaborou o plano, estas regiões foram também escolhidas por terem uma boa qualidade do habitat ou, no caso de não o terem, estarem em condições de se conseguir corrigir esse habitat.

As micro-unidades de gestão devem corresponder, aproximadamente, à área vital de um Lince (entre 650 e 1000 hectares). Estas zonas terão de ser geridas como se fossem habitadas pelo animal, mantendo-se ou recuperando-se as características da paisagem, incentivando-se as populações de coelho bravo e conservando-se e criando-se corredores ecológicos entre as áreas.

Um dos passos fundamentais nesta estratégia é a compra ou arrendamento destas MGL, pois "muitas das áreas de ocorrência de Lince encontram-se em propriedades particulares", explicam os autores da proposta. Outra das medidas fulcrais é a recuperação do matagal mediterrânico através de plantações de sobreiros, azinheiros e medronheiros.

Entre as várias acções previstas, a que diz respeito aos incentivos sócio-económicos pode vir a ter um importante impacto. "Os incentivos a proprietários privados e outros sectores, raramente aplicados em Portugal, podem ser um importante instrumento para a conservação de espécies ameaçadas, pois o eventual prejuizo económico da conservação destas espécies não deve recair apenas sobre determinados cidadões, justificando-se em alguns casos apoio para manutenção das espécies e seus habitats", argumentam os autores.
Estes incentivos passariam, por exemplo, pela criação de benefícios fiscais, nomeadamente redução de impostos para proprietários com terrenos incluidos em MGL, que ponham em prática acções que visem a conservação de espécies ameaçadas e, em contraponto, pela eliminação de subsídios a intervenções lesivas para o
habitat do Lince.

No âmbito desta proposta, será também incentivada a investigação científica sobre a espécie, o seu habitat, as suas presas e a reprodução em cativeiro.

A aplicação deste plano deverá ultrapassar os cinco milhões de euros, numa primeira estimativa, a partilhar entre várias entidades.

A proposta vai agora ser analisada por um comissão científica de que fazem parte, além de um especialista Espanhol, sete investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, da Escola de Ciências da Universidade do Minho e do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto.

População
O total de efectivos deve rondar os 150, com apenas duas populações confirmadas (Doñana e Andújar-Cardeña), ambas na Andaluzia. Em Portugal, a espécie está em pré-extinção.

Dieta
A
dieta da espécie é, quase totalmente, baseada no coelho-bravo. Em épocas e regiões de menor abundância de coelho, pode optar por roedores, cervídeos, anatídeos e lebre. Os requisitos energéticos de um lince adulto são satisfeitos pelo consumo diário de um coelho-bravo.

Habitat
Áreas vitais e territórios
O lince-ibérico selecciona habitats de características
mediterrânicas, como bosques, matagais e matos densos. Utiliza preferencialmente estruturas em mosaico, com biótopos fechados para abrigo e outros abertos para capturar presas. Evita habitats artificializados, nomeadamente plantações florestais de exóticas e campos agrícolas extensos. Pelo menos entre 50 a 60 por cento dos territórios de linces deverão ser compostos por matagal e cerca de 20 por cento por orlas entre pastagens e matagal.
O lince-ibérico é uma espécie solitária, excepto durante a época de cio. Em Doñana, os
territórios são estáveis ao longo da vida do indivíduo, sendo as áreas vitais dos machos, em média, maiores (10,3 quilómetros quadrados) do que as das fêmeas (8,7 quilómetros quadrados), sujeitos a flutuações em função da estação e das características do habitat.

As Ameaças
Factores que afectam a reprodução
- Conversão do matagal mediterrânico em áreas florestais e de agricultura extensiva

- Regressão do coelho-bravo
- Infertilidade

Factores que afectam a mortalidade
- Controlo de predadores

- Utilização ilegal de laços e armadilhas
- Abate durante a actividade cinegética
- Atropelamentos
- Doenças

Factores que afectam a movimentação de indivíduos
- Fragmentação da paisagem

- Estradas e outras infra-estruturas

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